domingo, 31 de maio de 2009

Ainda relembrando o filme Amelie Poulain,

" Os tempos são difíceis para os sonhadores"

Aquele filme para aquecer o coração..



Aquele filme para aquecer o coração..

http://www.youtube.com/watch?v=0LPxU7659D4



Eu quero amar, amar perdidamente!

Amar só por amar: aqui…além…

mais este e aquele, o outro e toda a gente..

Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!

Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disse que se pode amar alguém

durante a vida inteira é porque mente.
Há uma primavera em cada vida:

é preciso cantá-la assim florida,
pois se Deus nos deu voz foi prá cantar
E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
que seja minha noite uma alvorada,
que me saiba perder…prá me encontrar…

Florbela Espanca

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Quem foi que disse que mulher não gosta de futebol?

Quem foi que disse que mulher não gosta de futebol?

Sempre quando chega o mês de maio e as lojas estampam corações em suas vitrines, lembrando o dia dos namorados que está próximo, eu, como boa solteirona, perco meu tempo lendo bobagens do tipo: “100 motivos que fazem de uma mulher ser mais feliz quando solteira”, “Sou feliz, sou solteira”, e coisas do gênero. É nesses textos de auto-ajuda para encalhadas que sempre encontro a máxima: “Se você é solteira, não vai ter que perder seu tempo assistindo futebol, só para agradar seu namorado”. Então eu me pergunto: Quem foi que disse que mulher não gosta de futebol?

Tá, admito que algumas mulheres podem não gostar, mas alguns homens também não gostam. Cada dia mais os estádios ficam lotados de mulheres eufóricas cantando loucamente as músicas do time. E está errado quem pensa que mulher vai lá apenas para ver as pernas dos jogadores (é uma conseqüência, confesso, mas não o motivo principal).

Eu sou exemplo vivo disso. Amo futebol. Mais, sou louca por futebol. Ao contrário do meu irmão e do meu pai, que nunca vão ao estádio, eu sempre que posso estou lá , torcendo, cantando, gritando, falando palavrões feiíssimos, e me emocionando.

Foi o que aconteceu hoje. Fiquei nervosa durante todo dia à espera da noite. Pra variar, tudo começou a conspirar contra mim: fiquei presa no meu trabalho; o ônibus saiu logo que cheguei na parada; peguei outro ônibus, um errado, que me deixou umas sete quadras longe de casa; depois me atrasei (mais do que já estava) por causa do trânsito demorado. Estava muito estressada. Entrei no estádio.

Quando vi aquele mar de gente, animado, me contagiei. Minha boca se abriu num sorriso e os olhos começaram a brilhar, muito. Logo fui até o meio do povão, o lugar mais legal para (não)assistir o jogo. Comecei a cantar. O time entrou em campo.

Não demorou para que eu começasse a roer as unhas. Cantava e pulava um pouco, roía as unhas outro pouco, e assim foi indo, sucessivamente. Por causa do calor, também comecei a suar, o que fez com que eu roesse mais as unhas do que ficasse pulando. Cada minuto que passava me deixava mais angustiada, precisava que meu time marcasse um gol para acalmar meu ânimo, mas a bola nunca entrava na goleira.

Gol! Quase tive um treco. É engraçado que quando se está no meio de uma torcida e o time faz um gol, a gente abraça carinhosamente pessoas que nunca viu e nunca mais verá na vida. Foi isso que eu fiz, lógico. Gritei como se tivesse ganhado na loteria. Comecei a cantar mais forte, pular mais alto: danem-se meus pés. Dane-se o calor e meu cabelo grudento. Dane-se o cheiro horrível da fumaça dos sinalizadores. Só pensava em festa. Queria mais um gol.

Veio o segundo tempo, e com ele outro gol. Foi do adversário. Se continuasse assim, estávamos eliminados. Comecei a passar mal, sempre passo mal nesses jogos decisivos. Numa final eu cheguei a desmaiar, imagina o mico! Não conseguia chorar; não que eu não tivesse vontade, mas parecia que as lágrimas estavam trancadas. Sem unhas, comecei a roer a pelezinha ao redor da unha. Era difícil de respirar. Parei de cantar.

Enquanto as pessoas ao meu redor pulavam e cantavam loucamente para incentivar o time, eu, quase esmagada, fiquei parada segurando meu santinho (que levo no pescoço) e rezando. Não tinha jeito de fazer outro gol. Comecei a rezar mais forte, com mais fé, apertei o santinho contra os lábios e vez em quando fechada os olhos, nervosamente. Quase sem esperanças, fiquei pensando no que faria depois do jogo: não teria vontade de ir pra casa, no outro dia provavelmente não iria para a aula, também não queria trabalhar – podia inventar que peguei gripe, a voz já estava rouca...

Gol! Gol! Gol! Dessa vez eu não gritei, não esperneei nem fiz outro tipo de fiasco. Sentei na arquibancada enquanto os outros ao meu redor quase me pisavam, e comecei a chorar. Chorei, e com vontade. Choro de alegria, claro. Pensando bem esse foi um fiasco, mas eu nem me importei. Só pensava em como era bom ser torcedora, como era bom sentir essa emoção.

Acabou o jogo. Agora rindo, eu saí do estádio feliz. Não me importei quando meu amigo errou o caminho e me deixou quadras longe de onde moro. Não me importei em chegar tarde em casa sabendo que o outro dia teria aula pela manhã. Eu era a torcedora do melhor time do mundo; mundo por ele conquistado.

Semana que vem tem mais, e na outra também. E em quantos outros jogos eu irei e sairei assim, feliz. Eu e todos os outros torcedores, inclusive as torcedoras.

Sinceramente, aquela que diz que mulher não gosta de futebol, nunca deve ter ido a um estádio. Garanto que, depois que ela experimentar, nunca mais vai querer perder um joguinho sequer.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Paixão ilícita

A mulher andava rapidamente, como se estivesse fugindo de alguém. Seu rosto alvo contrastava com os olhos grandes e negros, e seus lábios rubros denunciavam o frio que fazia em plena primavera londrina. Seus passos aumentavam gradativamente. Usava uma blusa de seda preta combinada com a saia de crepe da mesma cor, que descia até seus joelhos, revelando a pele clara de sua panturrilha. Um escuro e comprido casaco de tweed protegia seus braços e seu peito do vento gélido que vinha contra si. Mesmo em velocidade, conseguia se equilibrar sobre aquela bota de cano longo e salto levemente grosso que usava em ocasiões singulares. Sem dúvida, essa era uma ocasião singular. Depois de andar por mais de dez minutos pelo parque, avistou aquele que procurava. Estava apoiado nas grades de ferro que cercavam o local. Como ele estava bonito. Usava um terno de cor grafite, e ela supôs que ele viera direto do trabalho. Parecia nervoso, estava roendo o pouco de unha que ainda lhe restava. Ela aproximou-se, agora em passos calmos, e sorriu. Ele a enlaçou em seus braços e beijou-lhe os lábios quentes, com demasiada ternura e amor. Ambos se mantiveram calados, sabiam que não era hora de falar. Ele sentiu seu perfume, uma mistura de âmbar, jasmim, cedro e sândalo. Ela, por sua vez, também sentiu aquele cheiro de homem que emanava de seu corpo, uma fragrância amadeirada com notas de gengibre. Adorava quando ele lhe abraçava desta maneira: sentia-se protegida dentro daqueles enormes e fortes braços; gostava do peso que as grandes mãos exerciam quando sobre suas costas. Quando ele perguntou-lhe: “Tu estás pronta?”, ela sorriu de forma maliciosa e alegre, numa mistura de medo e prazer. Desejava há muito essa emoção, e sabia que perto dele sempre estaria pronta. “Sim”, disse ela. E ambos sentiram a vermelhidão que brotava das maças de seus rostos.

Passaram pela grade e adentraram no jardim. Os olhos dos dois seguiram pelo seu redor, não apenas para observarem o movimento, como também para escolherem o local mais apropriado. Precisavam disfarçar a ansiedade, pois um dos guardas os olhava de esguelha, como se suspeitasse de algo. Talvez ele estivesse apenas impressionado com a beleza e elegância que emanavam daquela mulher vestida de preto. De qualquer forma era melhor esperar que os olhos do oficial encontrassem outro alguém para vigiar. Sentaram sobre um banco de madeira marrom, perto de um pequeno moinho, e frente àquela enorme construção feita de pedras. Ela disse que estava com saudades, que não conseguia ficar muito tempo distante dele. Ele respondeu com um beijo, demorado e forte, que exprimia a paixão que devotava àquela mulher tantas vezes por ele amada.

O ambiente era agora quieto; o guarda saíra e apenas se ouvia o barulho dos pássaros que voavam de galho em galho, pelas árvores altas e cheias de folhas que ali estavam. Sabiam que esse era o momento... A mão do homem passou levemente pela face daquela mulher, com leves carícias que desciam pelos seus ombros, costas, e busto. Ela segurou, por entre os dedos, o cabelo escuro daquele que cada vez mais lhe puxava contra si. O mundo parecia ter parado e ambos só escutavam a respiração ofegante, um do outro. Recostados sobre o banco, ele abriu o tweed com uma das mãos enquanto, com a outra, segurava o pescoço da amada. Ela, com suas forças dissipadas pelo deleite que cada vez mais aumentava dentro de si, segurava os ombros largos de seu amante. Houve um furor. As almas se possuíram.

Barulho. Alguém se aproximava. Gritos histéricos insultavam aquele amor que ali brotava. Era proibido fazer sexo no jardim do Castelo de Windsor.



*Esse conto teve que ser feito a partir de uma notícia. A que escolhi foi " Casal é pego fazendo sexo em frente ao Castelo de Windsor"